
O Abre Essa Mix! de hoje traz a faixa “Dois Quartos” da banda paulistana Chuva Negra, talvez o maior destaque dos últimos anos no cenário brasileiro de hardcore melódico.
Essa canção faz parte do disco “Meio Termo”, o qual eu produzi com eles, e gravamos inteiramente no estúdio Rock Together no ano de 2013.
A bateria do Chuva Negra é como um trator graças as mãos nada leves do Marcelão Sabino, meu grande amigo de longa data. Então em termos de pegada não tivemos grandes problemas. Apenas a sala que eu utilizei a técnica de “simular” uma segunda via estéreo da sala para torná-la um pouco maior e dar um pouco mais de “profundidade” no som, visto que a sala que usamos na gravação era pequena demais para conseguir esse som “grandioso” de bateria que eu tanto gosto.
O baixo foi uma grande surpresa que tivemos e talvez a melhor no processo. As linhas são muito bem construídas pelo baixista e grade amigo Gabriel Melo e tivemos a sorte de utilizar um Fender P-Bass Duff McKagan que evidenciou cada nota das muitas que o baixo fazia. Pegamos apenas a linha e uma via passando por um Sansamp com uma boa quantidade de drive. O resultado foi satisfatório desde o começo.
As guitarras foram muito legais de se trabalhar também. Os dois Guitarristas, Mateus e Thiagão, arranjam as músicas de forma que seus instrumentos se conversem durante toda a música, então precisávamos muito mais de “definição” no timbre do que muito peso ou distorção. Sendo assim utilizamos praticamente em todas as músicas uma combinação de 2 Gibson SG (uma com P-90 e outra com Humbuckers) e 1 Gibson Les Paul Jr plugadas em um Marshall JCM-800 saindo para a caixa Soldano. Os microfones escolhidos foram o Shure SM57 e o Sennheiser MD-421.
As vozes foram captadas com o clássico Shure SM7 que combinou muito bem com o estilo de cantar do vocalista Rodrigo Chinho. Passamos por um pré da Universal Audio que “esquentou” mais ainda o som. Nesse disco pude propor algumas layers de vozes que acredito que deram um toque a mais na produção das músicas como um todo.
A tracklist da sessão conta com os seguintes elementos:
KICK_SUB
KICK
SNARE_sample
SNARE_TOP
SNARE_BOTTOM
HIHAT
TOM1
FLOOR
FLOOR2
OVER_L
OVER_R
ROOM
RIDE
BASS_DI
BASS_Mic
BASS_FX
GT_L_57
GT_L_421
GT_R_57
GT_R_421
GTs_DET
VOZES
BCKs
COROs
Além das tracks originais, criei as seguintes tracks e efeitos adicionais:
– Simulo um canal de SubKick criando uma nova track e inserindo nela um gerador de frequências (gosto para SubKick a frequência de 42Hz e as vezes vario dependendo do tom da música) e um gate disparado no side-chain por cada nota do bumbo. Com isso consigo uma “barriga” mais limpa para o bumbo sem ter que ficar puxando muito no canal original.
– Criei uma sala “fake” para aumentar o tamanho da bateria na mix. Como gravamos numa sala relativamente pequena, utilizei essa técnica conhecida de mandar uma cópia dos overheads, bumbo e caixa para um buss e colocar um stereo delay sem feedback setado em 20ms e 30ms passando por um reverb, eq e compressão. Apesar de ser uma técnica conhecida a bastante tempo, sigo mais ou menos os settings que aprendi em um tutorial do Steven Slate e sempre funciona bem.
– Usei a minha grande arma de todas as mix para bateria: Um canal de compressão paralela onde envio uma cópia de todo o kit e comprimo de forma pesada, quase sempre usando o Waves CLA-76 Blue no modo Ratio: All com ataque lento e release rápido, e faço um blend com a via original da bateria com toda sua dinâmica preservada.
– Usei alguns efeitos em algumas vozes. Gravamos uma voz bem grave que fica no background da parte “para então separa…” e desci mais uma oitava com um pitch shifter afim de transformar essa voz em algo mais “do além”, hehe, ou uma voz “de dentro da cabeça”.
– Utilizei (e quase sempre utilizo) um sample de Kick e um de Snare para somar com os closed mics originais e serve pra dar aquele punch que as produções de hoje em dia acabam “pedindo”. O segredo para mim está em saber trabalhar essas somas de sample muito mais “em conjunto” com o coração da bateria que são os overheads do que com os closed mics em si.
Como sempre também utilizei as ferramentas que tenho a mão em quase todas as minhas mixes. Equalizadores (Fab-Filter Pro-Q, Wavez H-EQ, etc…), Compressores (Waves CLA-76, Waves CLA-3A, Waves API-2500, etc…) assim como alguns stereo delays, reverbs, e alguns plugins de boutique para “colorir” mais o som.
Mix Session:
Raw Session: